No final do 2º Período fui numa visita de estudo à Faculdade de Medicina da UNL, com o objetivo de nos mostrar o maior leque de cursos disponíveis possível.
Começámos com uma palestra no auditório com o senhor Reitor, professores e alunos. Escusado será dizer que a cada frase, diziam sempre "E esperamos ver-vos para o ano".
Depois da palestra, fomos visitar algumas partes da Faculdade,inclusive a Sala de Doutoramentos, que é linda, e a partir daí formamos grupos e seguimos para uma espécie de atelier, onde um professor e um aluno nos iria mostrar como é o ambiente académico na faculdade.
Segui a aluna que nos guiava até ao Teatro Anatómico (sim, eu escolhi ver mortos) até à porta, onde tivemos de esperar pelo professor que ainda não tinha chegado. É então que passa por mim um "aluno" todo jeitoso (assim parecido com o da foto, mas mais giro) em direção à sala. Só depois de entrar é que me apercebi que afinal o "aluno" jeitoso era o professor de Anatomia (que ironia). O professor era super divertido, cativante, jovem e até interessante a ensinar. Explicou-nos tudo sobre a matéria, sobre a vida académica e a seguir fez a pergunta que todos esperávamos "Querem ver que órgão?", "Cérebro", sugeriu um aluno do secundário. Enquanto seguíamos o professor para o fundo da sala, fui analisando-a ao pormenor: estava cheia de mesas de autópsia, armários com órgãos mumificados e embalsamados, ossos e bonecos anatómicos.
Quando olhei para o professor ele já estava a pousar o cérebro humano sobre a mesa de autópsia e a pedir-nos para nos aproximarmos e retirarmos luvas da caixa se quisermos tocar. Corri para a caixa. À medida que os outros alunos da outras escolas tocavam no cérebro e lançavam risos ou esgares, fui contemplando cada armário, lembro-me de ver um feto de um ciclope (sim, o feto só tinha um olho), pés, mãos, ombros, cotovelos, corações, articulações, ossos. Fiquei a contemplar os últimos por mais tempo, afinal era aquele o meu objetivo futuro, estudar os ossos e decifrá-los. Voltei à mesa de autópsia para tocar no cérebro, era rijo e leve, analisei-o pormenorizadamente até que o cheiro a formol me invadiu as narinas e atacou-me os olhos. Entreguei o cérebro a outra pessoa, enquanto as lágrimas me começavam a escorrer pela cara. Que bom sistema imunitário tenho eu, pensei.
Depois de mais uma série de perguntas e visitas aos laboratórios de cirurgia, fomos dispensados e voltei a encontrar-me com a minha turma na entrada da Faculdade, pois só podia ir um aluno por escola a cada atelier. Ao chegar, apercebi-me que o meu atelier tinha sido o mais interessante e os outros eram completamente secantes, fiquei feliz.
Após sairmos da Faculdade, fui com um grupo de amigas almoçar ao McDonald's do Saldanha e depois do almoço, apanhámos o metro e seguimos para a Estação do Oriente, íamos à FIL, à Futurália. Só depois de resolvermos umas confusões e deixarmos a maioria das escolas que estavam lá sair é que fomos comprar os billhetes e entrámos. Após andarmos um quarto de hora de um lado para o outro, lá vistei ao longe a bancada que eu queria, a da Cooperativa Egas Moniz. Quase que corri para lá para pedir informações sobre o curioso que queria, Ciências Forenses e Criminais. Por sorte havia uma rapariga desse curso (bastante gira por acaso) que estava lá e começou a explicar ao grupo que estava lá tudo sobre o curso. Disse que havia bastante Matemática (NÃÃÃÃÃÃOOOO) e Química e que a turma era maioritariamente constituída por raparigas (WHAT?!), foi nesse momento que eu tentei esboçar um sorriso, mas foi então que eu olhei pro meu lado e além de mim estavam mais quatro rapazes interessados no curso, não percamos a esperança! Relatou-nos algumas experiências engraçadas como por exemplo quando vão para a Casa do Crime (é uma casa que a Cooperativa arranjou para levar os alunos do 2º ano a investigar cenas de crime, reproduzidas nela) e que uma vez descobriu lá droga na perna de um sofá. E nas provas de anatomia em que estão numa sala sozinhos com um professor e têm montes de vitrinas com órgãos e têm de identificá-los todos, mais as suas partes constituintes. Quando a questionei sobre as aulas de Antropologia Forenses, a que me interessa mais, era começou por rotular a professora de mórbida (acho que ela começou a dizer com entusiasmo: ah e estava cheio de crianças! - quando se estava a referir a um cemitério :x), e que nas aulas era lhes dado um esqueleto para construírem e para identificarem o morto, as suas patologias e a causa de morte. Os meus olhos brilharam nessa altura. Ela também referiu que a professora costumava levar alunos interessados para campos para estudarem restos humanos, nas férias (é um bom programa, não acham?). Terminou a dizer que era ainda uma área a crescer em Portugal e que como é o último ano dela, provavelmente vai ter de ir para o estrangeiro porque só estão a pensar em abrir um Departamento Forense na PJ daqui a três anos (e viva Portugal! -.-').
Depois deste dia fiquei ainda com mais certezas do curso que quero, Ciências Forenses e Criminais no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. Até lá, os únicos desafios que tenho é passar nos exames de Físico-Quimica (sim, ainda tenho essa para trás) e Matemática (sim, também me candidatei a essa, ando a ter explicações). A média não é muito alta, 11,4; mas não nos podemos esquecer que é uma Universidade Privada.
E é assim que eu paro para pensar e noto que daqui a alguns meses já posso estar na Faculdade a estudar para uma profissão que eu quero exercer no futuro.
PS: Peço desculpa pelo enorme texto e pela ausência, mas depois de tanto tempo sem vir aqui, tinha as ideias armazenadas e decidi colocá-las de uma só vez.
PS2: Como foi a vossa Páscoa? :D