Sou fã de Teen Wolf para quem ainda não percebeu xD
sábado, 22 de junho de 2013
sábado, 15 de junho de 2013
Capítulo Cinco: Verdade (Parte 1)
“Não era verdade. Ele estava a gozar comigo, a brincar com
os meus sentimentos de novo. Mas então olhei-o nos olhos e percebi que era
verdade”
Estava nas Urgências. Com um dedo
partido. Sentado ao lado do Rafael, que tinha também o nariz partido. Desde a
nossa “discussão” que não nos falávamos.
- Desculpa. – disse, finalmente,
Rafael, olhando o chão branco do hospital.
Permaneci calado, curioso para
ver até onde ele chegaria.
- Fui um otário, não te deveria
ter dito aquelas coisas.
- Mas disseste! – disse num tom baixo,
um pouco brusco.
- Eu sei, estava furioso. –
seguiu-se uma pausa – Tu confundes-me.
- Ah, agora eu é que te confundo?
Tens cá uma graça, Rafael. – o tom irónico na minha voz parecia uma faca afiada
a trespassar-lhe o peito.
- Eu… - seguiu-se outra pausa,
mais longa que a anterior – Eu gosto de ti.
Não era verdade. Ele estava a
gozar comigo, a brincar com os meus sentimentos de novo. Mas então olhei-o nos
olhos e percebi que era verdade. Aquele brilho e esplendor era impossível de
imitar.
- Tens a certeza que é desse gostar a que te referes?
- Sim… tentei-me convencer do
contrário mas não consigo. És especial, gosto de ti, gosto de estar contigo,
fazes-me sentir bem. E és rapaz.
- Lá está, “e sou rapaz”. –
repeti.
- Já não me importo se és rapaz
ou rapariga ou se sou heterossexual, homossexual ou bissexual. Eu só sei que
gosto de ti e não me vou esforçar mais a tentar-me convencer do contrário.
Olhei em frente para a parede
branca coberta com panfletos preventivos sobre a Gripe A e a dengue. Ainda não
conseguia acreditar nele, depois de tanta coisa que ele me fez passar.
Ele volta a olhar para o vazio,
calado durante um tempo. Respira fundo e vira a cara na minha direção,
aproxima-se lentamente e beija-me a bochecha.
Sentir os seus lábios quentes na
minha face fez-me esquecer todas as dúvidas. Virei-me e beijei-o nos lábios sem
pudor. Estávamos sóbrios, não havia nada a iludir os nossos sentimentos, era a
mais pura verdade.
Ele afastou-se, olhando para trás
de mim e eu virei-me reparando no homem que se tinha afastado de nós com
repulsa.
- Que se lixem! – exclamou Rafael
ao dar-me a mão, sorridente.
- Rafael, tens a certeza de tudo
isto? Não me magoes, por favor.
- Sim, tenho. Confia em mim. –
disse, acariciando-me a mão. É então que ele olha para a porta das Urgências e
larga-me a mão, subitamente. Sigo-lhe o olhar e reparo que é o pai dele a
entrar. É um homem alto, robusto, bastante parecido com ele.
- Então, as meninas já fizeram as pazes? – disse ele num tom juncoso.
- Pai… - resmungou Rafael.
- Oh, vá lá! Não vão estragar a
vossa amizade por causa de uma rapariga, pois não? Há por aí muitas à solta.
Olhei para o Rafael e este
esbugalhou-me os olhos de modo advertido.
- Exato, raparigas há muitas… -
tentei rir, mas sem sucesso.
- Bem… É melhor ir. Falamos
depois. – deu-me uma palmadinha no ombro e piscou-me o olho. O pai dele
acenou-me, desejou-me as melhoras e partiram os dois.
Fiquei a refletir sobre o que se
tinha passado um bocado até que a minha mãe, recém-chegada de Praga, me veio
buscar para irmos para casa.
Já em casa, no quarto, refleti
sobre toda a minha história com o Rafael: conhecemo-nos no ensino básico,
éramos colegas de turma. Por casualidade tornámo-nos amigos, eu gostava dele,
era engraçado, amigo e especialmente giro. Fiquei mais interessado nele quando
os nossos olhares se começaram a cruzar consecutivamente, era estranho mas ao
mesmo tempo bom para mim.
A nossa amizade intensificou-se
quando entrámos no secundário e passámos a ser melhores amigos, estávamos
sempre juntos a falar sobre nós, sobre os outros, sobre raparigas (até me
ajudou a arranjar uma) e sobre a escola. Assim como a nossa relação, o meu
interesse por ele tinha aumentado e havia certas ações da parte dele, como os
olhares e as aproximações, que me fizeram duvidar da sua orientação sexual e me
punham cada vez mais confuso.
Foi nos anos da Raquel, quando
levei um namorado meu que o Rafael começou a desconfiar de mim. Perguntou à
Alexandra e esta contou-lhe que eu era bissexual. Mais tarde, quando falei com
ele, mostrou-se compreensivo e tolerante, nas suas palavras “cada um tinha
direito a amar quem quisesse”. Com isto tinha subido mais uns pontos na minha
consideração e amizade.
Após a descoberta, as minhas
insinuações para ele tornaram-se mais frequentes com olhares, toques, braços
sobre os ombros, festas no cabelo e abraços, mas em vão. Ele era impenetrável.
Mas agora, tínhamo-nos beijado,
tínhamos dado as mãos e ele tinha dito que gostava de mim. Não conseguia
ignorar a insanidade de tudo isto e a reviravolta dos acontecimentos.
A figura da minha mãe à porta do
meu quarto, interrompeu-me a linha de pensamento.
- Filho?
- Sim, mãe? – levantei-me da
cama, sentando-me na beira.
- Desculpa, não sabia que tavas a
descansar.
- Não estava.
- Queria falar contigo sobre o
que se passou. – disse ao sentar-se ao meu lado – Lutar com o teu amigo por
causa de uma rapariga? Que se passa? – perguntou, preocupada.
Tinha-lhe contado a mesma versão
que o Rafael contou ao pai para não haver confusões.
- Nada, mãe. – suspirei – Está
tudo resolvido agora, foi uma estupidez de adolescentes.
- Filipe, eu sei que o teu pai
não está aqui, mas tens me a mim para falares, para o que precisares.
- Oh mãe… Sabes perfeitamente que
sempre falei mais contigo do que com o pai! Ele só fala comigo quando vem a
Portugal ou eu vou a Londres. Ou quando me dá presentes…
- Filho, não sejas duro com o teu
pai. – advertiu-me – Ele está a trabalhar arduamente para termos uma boa vida
aqui e poderes ir estudar para Londres como sempre quiseste.
- Eu sei, não sou ingrato, mas
custa não o ter aqui. – confessei.
- Todos nós sentimos a sua falta.
Ela levantou-se e deu-me um beijo
na testa, saindo do quarto, despedindo-se com um “Cuida de ti”.
No dia seguinte, ao chegar à
escola, fiquei na paragem do autocarro à espera do Rafael, tal como tínhamos combinado
por SMS na noite anterior.
Cinco minutos depois o seu
autocarro chega e ele sai com o seu look
de sempre, lindo.
- Bom dia. – diz ao chegar ao pé
de mim, a sorrir, meio tímido.
- Bom dia. – respondi sem
expressão, confuso pela maneira como ele estava a agir.
Ficámos os dois imóveis até que a
paragem ficou vazia. Rafael olha para os dois lados e por fim dá-me um beijo ao
de leve nos lábios.
- Desculpa toda esta cena, mas
ninguém sabe que não sou heterossexual, além de ti, e eu prefiro que continue
assim. A minha família não iria reagir muito bem.
- Tudo bem, eu compreendo, só que
podias-me ter avisado sobre o teu pai. Fiz figura de parvo, ontem. – disse,
parecendo um pouco chateado.
- Desculpa, amor. – disse Rafael,
acabando por rir, fazendo-me rir também.
- Vá, vamos para as aulas. – disse,
dando-lhe uma palmada no rabo, algo que sempre lhe quis dar.
- Hum, não sabia que gostavas de
palmadas. – sussurrou-me num tom sedutor, aproximando-se de mim.
- Oh, cala-te! – empurrei-o na
direção da escola.
- Espera! Queria-te perguntar uma
coisa.
- O quê? – perguntei, temendo o
pior.
- Vens dormir a minha casa esta
noite? Os meus pais estão fora e pensei que era a melhor oportunidade para… nos
conhecermos melhor.
Sorri e abracei-o - Claro que
vou!
Combinámos então ir para casa
dele depois das aulas e passaria lá a noite, voltando à escola no dia seguinte
com ele. À hora de almoço falei com a minha mãe e ela aceitou sobre o pretexto
que iria fazer um trabalho com ele e desta maneira seria mais fácil fazê-lo, o
que era em parte verdade.
As horas passavam lentamente,
assim como as aulas, especialmente as da tarde. Quanto mais olhava para o
relógio pior era. E os olhares que trocava com o Rafael não acalmavam a minha
ansiedade.
- O que se passa, Filipe? Pareces
elétrico. – perguntou Raquel a meio da aula de Português, quebrando o meu
contacto visual com o Rafa. Ela já sabia de nós os dois, tinha-lhe contado na
noite anterior, tinha ficado histérica.
- Hoje vou dormir a casa do Rafa.
- Ui, tá-se mesmo a ver que hoje
há festa.
- Oh, cala-te! Achas?
- Até parece que não querias,
Lipe. – disse, sublinhando os elementos sintáticos de uma frase.
- Não sei… Tudo depende do rumo
que a noite tomar.
- Boa sorte, então! –
encorajou-me Raquel.
Finalmente a aula tinha terminado
e corri para fora da sala, acompanhado pelo Rafael. A viagem de autocarro
pareceu tão curta que quando dei por isso já estava à porta da casa dele.
CONTINUA
Estive no Topo do Mundo
Há muito tempo que não passo por aqui para vos falar da minha simples vida de adolescente. Mas hoje venho vos falar de um acontecimento que se passou na passada terça-feira: fui ao meu primeiro concerto (sim, com 19 anos xD) e o facto mais especial não é sobre ser o primeiro, mas sim sobre de quem é o concerto. DOS IMAGINE DRAGONS! Sabem aquela musiquinha toda positiva do anúncio da Vodafone? São eles que a cantam.
Ora bem, eu mal soube que eles vinham a Portugal, fui-me informar e como os bilhetes eram bastante baratos (22 euros) em comparação a outros concertos, decidi aproveitar a oportunidade. Arrastei a Nevada comigo e lá fomos comprar os bilhetes, isto em fevereiro.
E quando demos por isso já íamos no autocarro em direção aos Restauradores, já que o concerto foi no Coliseu dos Recreios. Como eu tinha aulas de manhã, só chegámos ao Coliseu por volta das 16 horas e já estavam duas filas enormes, mas como eu e a Nevada somos uns espertos, optamos logo pela mais curta, já que o pessoal que chegava ia-se amontoando na mais comprida. Fizemos logo amizades com duas raparigas que estavam lá à espera do concerto que seria às 21h. Concordámos em guardar o lugar, caso alguém quisesse ir dar uma volta. Eu e a Nevada aproveitámos logo e fomos ao Starbucks, beber um frappuccino (delicioso!), depois voltámos ao nosso lugar e tivemos a passar o tempo a conversar e a jogar às cartas. Entretanto uma fila enorme forma-se atrás de nós e começamos a ouvir gritos lá do fundo. Vem uma carrinha preta a descer a rua e avista-se uma mão de fora a acenar, quando a carrinha vira a esquina, repare que o guitarrista da banda está a acenar para nós. Foi o grande momento da tarde, foi muito engraçado, não estava nada à espera.
Por volta das 19h. fomos ao McDonald's do Rossio para jantarmos mas tinha uma filha enorme até à porta. Mas começámos a ouvir o pessoal a dizer que o do Chiado estava acessível, aí fomos nós para o Chiado. Realmente estava menos cheio que o do Rossio, mas ainda estivemos uns 20/30 minutos à espera da comida.
Quando já estávamos servidos, reparei que faltavam 10 minutos para a abertura das portas (20h), começámos a acelerar o passo, Chiado abaixo, a comer que nem uns animais. Chegámos à fila e já estávamos a 10 metros da porta, quando esta abriu e o pessoal caminhou para dentro do Coliseu como uma manada dos animais, felizmente, perto das escadas estava um funcionário a indicar para nos agruparmos em pares, só ao subirmos as escadas e ao passar das portas é que nos validavam os bilhetes e podíamos correr até ao recinto. Quando chegámos lá, nem eu nem a Nevada acreditávamos que estávamos a 5/6 metros do palco. Rapidamente o Coliseu encheu, dando razão ao estado de esgotado dos bilhetes. Eram 21h, o concerto começou com a banda introdutória que tocava uma daquelas músicas todas cheias de barulhos esquisitos (não sou fã), mas pronto dava pra abanar o esqueleto um pouco, embora o espaço para nos mexermos já fosse pouco e o calor começasse a sentir-se.
É então que às 22h a banda sobe ao palco e o público grita com o delírio.
Todo o tempo de espera, todo o cansaço, todos os empurrões, todo o calor, os gritos histéricos, tudo valeu a pena por um concerto espetacular. Eles são extremamente simpáticos, adoraram Portugal e os fãs portugueses, são inspiradores e acho que deliraram com os portugueses a gritarem em alto e bom som as letras das suas músicas. Houve um momento em que o Dan (vocalista) cantou uma música em honra de um fã que morreu de cancro e todo o Coliseu acenava com isqueiros ou telemóveis e no final todos gritámos pelo nome do fã. TYLER! TYLER! Foi um momento comovente que até fez com que os olhos do Dan brilhassem. Mas como todas as coisas boas na vida, o concerto chegou ao fim, com a promessa que voltariam a Portugal. Saí do Coliseu com as pernas a doerem, com a garganta a doer-me e a suar que nem um cavalo, mas valeu imenso a pena, saí de lá com a alma cheia e vibrante.
Aconselho-vos a ouvirem todo o álbum deles, Night Visions, tem letras impressionantes, que me fazem pensar e refletir sobre muita coisa, gosto particularmente da Demons, música que já utilizei no trailer d'As Faces da Mentira.
Deixo-vos com a música da Vodafone, a música que os Imagine Dragons dedicaram a Portugal (eles são bué queridos!)
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