segunda-feira, 9 de abril de 2012

Futuro

No final do 2º Período fui numa visita de estudo à Faculdade de Medicina da UNL, com o objetivo de nos mostrar o maior leque de cursos disponíveis possível.
Começámos com uma palestra no auditório com o senhor Reitor, professores e alunos. Escusado será dizer que a cada frase, diziam sempre "E esperamos ver-vos para o ano". 
Depois da palestra, fomos visitar algumas partes da Faculdade,inclusive a Sala de Doutoramentos, que é linda, e a partir daí formamos grupos e seguimos para uma espécie de atelier, onde um professor e um aluno nos iria mostrar como é o ambiente académico na faculdade.
Segui a aluna que nos guiava até ao Teatro Anatómico (sim, eu escolhi ver mortos) até à porta, onde tivemos de esperar pelo professor que ainda não tinha chegado. É então que passa por mim um "aluno" todo jeitoso (assim parecido com o da foto, mas mais giro) em direção à sala. Só depois de entrar é que me apercebi que afinal o "aluno" jeitoso era o professor de Anatomia (que ironia). O professor era super divertido, cativante, jovem e até interessante a ensinar. Explicou-nos tudo sobre a matéria, sobre a vida académica e a seguir fez a pergunta que todos esperávamos "Querem ver que órgão?", "Cérebro", sugeriu um aluno do secundário. Enquanto seguíamos o professor para o fundo da sala, fui analisando-a ao pormenor: estava cheia de mesas de autópsia, armários com órgãos mumificados e embalsamados, ossos e bonecos anatómicos.
Quando olhei para o professor ele já estava a pousar o cérebro humano sobre a mesa de autópsia e a pedir-nos para nos aproximarmos e retirarmos luvas da caixa se quisermos tocar. Corri para a caixa. À medida que os outros alunos da outras escolas tocavam no cérebro e lançavam risos ou esgares, fui contemplando cada armário, lembro-me de ver um feto de um ciclope (sim, o feto só tinha um olho), pés, mãos, ombros, cotovelos, corações, articulações, ossos. Fiquei a contemplar os últimos por mais tempo, afinal era aquele o meu objetivo futuro, estudar os ossos e decifrá-los. Voltei à mesa de autópsia para tocar no cérebro, era rijo e leve, analisei-o pormenorizadamente até que o cheiro a formol me invadiu as narinas e atacou-me os olhos. Entreguei o cérebro a outra pessoa, enquanto as lágrimas me começavam a escorrer pela cara. Que bom sistema imunitário tenho eu, pensei.
Depois de mais uma série de perguntas e visitas aos laboratórios de cirurgia, fomos dispensados e voltei a encontrar-me com a minha turma na entrada da Faculdade, pois só podia ir um aluno por escola a cada atelier. Ao chegar, apercebi-me que o meu atelier tinha sido o mais interessante e os outros eram completamente secantes, fiquei feliz.
Após sairmos da Faculdade, fui com um grupo de amigas almoçar ao McDonald's do Saldanha e depois do almoço, apanhámos o metro e seguimos para a Estação do Oriente, íamos à FIL, à Futurália. Só depois de resolvermos umas confusões e deixarmos a maioria das escolas que estavam lá sair é que fomos comprar os billhetes e entrámos. Após andarmos um quarto de hora de um lado para o outro, lá vistei ao longe a bancada que eu queria, a da Cooperativa Egas Moniz. Quase que corri para lá para pedir informações sobre o curioso que queria, Ciências Forenses e Criminais. Por sorte havia uma rapariga desse curso (bastante gira por acaso) que estava lá e começou a explicar ao grupo que estava lá tudo sobre o curso. Disse que havia bastante Matemática (NÃÃÃÃÃÃOOOO) e Química e que a turma era maioritariamente constituída por raparigas (WHAT?!), foi nesse momento que eu tentei esboçar um sorriso, mas foi então que eu olhei pro meu lado e além de mim estavam mais quatro rapazes interessados no curso, não percamos a esperança! Relatou-nos algumas experiências engraçadas como por exemplo quando vão para a Casa do Crime (é uma casa que a Cooperativa arranjou para levar os alunos do 2º ano a investigar cenas de crime, reproduzidas nela) e que uma vez descobriu lá droga na perna de um sofá. E nas provas de anatomia em que estão numa sala sozinhos com um professor e têm montes de vitrinas com órgãos e têm de identificá-los todos, mais as suas partes constituintes. Quando a questionei sobre as aulas de Antropologia Forenses, a que me interessa mais, era começou por rotular a professora de mórbida (acho que ela começou a dizer com entusiasmo: ah e estava cheio de crianças! - quando se estava a referir a um cemitério :x), e que nas aulas era lhes dado um esqueleto para construírem e para identificarem o morto, as suas patologias e a causa de morte. Os meus olhos brilharam nessa altura. Ela também referiu que a professora costumava levar alunos interessados para campos para estudarem restos humanos, nas férias (é um bom programa, não acham?). Terminou a dizer que era ainda uma área a crescer em Portugal e que como é o último ano dela, provavelmente vai ter de ir para o estrangeiro porque só estão a pensar em abrir um Departamento Forense na PJ daqui a três anos (e viva Portugal! -.-').
Depois deste dia fiquei ainda com mais certezas do curso que quero, Ciências Forenses e Criminais no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. Até lá, os únicos desafios que tenho é passar nos exames de Físico-Quimica (sim, ainda tenho essa para trás) e Matemática (sim, também me candidatei a essa, ando a ter explicações). A média não é muito alta, 11,4; mas não nos podemos esquecer que é uma Universidade Privada.

E é assim que eu paro para pensar e noto que daqui a alguns meses já posso estar na Faculdade a estudar para uma profissão que eu quero exercer no futuro.

PS: Peço desculpa pelo enorme texto e pela ausência, mas depois de tanto tempo sem vir aqui, tinha as ideias armazenadas e decidi colocá-las de uma só vez.

PS2: Como foi a vossa Páscoa? :D

6 comentários:

  1. poxa também tinha essa vontade, ainda mais depois de assistir bones(já viu?), mas aqui no Brasil não dá! estou quase na mesma que você em menos de um ano estarei na faculdade! BOA SORTE
    vinicius

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  2. Não preferias Medicina na UNL? Sempre te abria mais portas em termos profissionais, é um curso muito abrangente, não é, de todo, só clínica...

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  3. Acho que deve ser um curso super interessante e que pode levar a uma vida profissional emocionante. Agora que é preciso ter estômago, é...

    Gostei de ver aí em cima o Félix do "Física O Química" =)

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  4. Ahahaha! Isso deve ser brutal! xD Força nisso rapaz!

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  5. O Felix é um pão.

    Boa sorte para o curso, é importante seguirmos o que gostamos, apesar de também serem importantes as taxas de empregabilidade...

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    1. Sim o meu problema mesmo é a taxa de empregabilidade da área em Portugal.

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Váááá, escreve lá no que estás a pensar, vá lááá, não sejas preguiçoso. :x